Estranhos conversam comigo e
não entendo nada, eles gritam e minha cabeça gira em meio a tanta confusão. Já
passa das três da manhã e as luzes começam a serem apagadas, bebo a última dose
e fica difícil acertar o caminho para casa, acho que preciso de ajuda.
Estranhos dizem palavras que se misturam no ambiente e tudo se confunde,
algumas garotas se beijam e sorriem pra mim e eu continuo sozinho deixando as
lágrimas escorrerem pelo rosto que mostra um sorriso nervoso, a noite é vaga,
fumo o último cigarro, mas eu preciso de mais nicotina, preciso de um abraço,
eu estou sozinho no meio da festa e os estranhos brindam comigo, eu bati o
rosto na pia do banheiro e gritei talvez minha companhia seja o desespero ou o
álcool que transborda do copo que carrego na mão, estou no meio de estranhos,
estou ficando cego, talvez eu vá embora com alguém que pretende me usar por
este resto de noite, talvez eu a mande pro inferno no meio do caminho ou quem
sabe nós caímos na sarjeta. Estranhos me chamam e beijam minha boca e meu
coração arde com tanta dor e falta de esperança, estou vendo um amanhecer no
final da calçada onde já tropecei e cai algumas vezes, sou um estranho no meio
de tantos conhecidos, vou esbarrando em telefones públicos e chutando pedras,
estou chorando num banco de igreja, tentando chegar em casa, tentando não
morrer no meio da avenida, e diz que dia da semana foi ontem, estranhos dizem
que já passam das cinco da manhã e um cachorro lambe meu rosto e o Sol começa a
esquentar minha pele, preciso limpar a minha dignidade e juntar do chão o resto
dos pertences que ainda não levaram, eu não consigo acertar a chave na
fechadura e estranhos me ajudam quem sabe são anjos, quem sabe se eu morri,
estou deitado na cama e o mundo gira, acho que não vai dar tempo para uma
próxima ressaca, estranhos estão aqui velando meu sono, mergulho num sonho onde
estranhos são conhecidos e me sinto confortável dentro de mim mesmo. Eu
continuo sentado ao lado de estranhos vejo tudo passar, é melhor me levantar
antes que eu caia mais uma vez na sobriedade que tento esquecer. Estranhos
conversam comigo...
Written By:Karrike Bongiovi
28/08/2014- 06:12(Qui)
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